quarta-feira, 21 de outubro de 2009

O telegrama de Juvenal

O Juvenal estava desempregado havia meses.  Com a resistência que só os brasileiros têm, o Juvenal foi tentar mais um emprego em mais uma entrevista.  Ao chegar ao escritório, o entrevistador observou que o candidato tinha exatamente perfil desejado, as virtudes ideais e lhe perguntou:

 - Qual foi seu último salário?

 - 'Salário mínimo', respondeu Juvenal.

 - Pois se o Sr.  for contratado, ganhará 10 mil dólares por mês!

 - Jura?

 - Que carro o Sr.  tem?

 - Na verdade, agora eu só tenho um carrinho pra vender pipoca na rua e um carrinho de mão!

 - Pois se o senhor trabalhar conosco ganhará um Audi para você e uma BMW para sua esposa!  Tudo zero!

 - Jura?

 - O senhor viaja muito para o exterior?

 - O mais longe que fui foi pra Belo Horizonte, visitar uns parentes...

 - Pois se o senhor trabalhar aqui viajará pelo menos 10 vezes por ano, para Londres, Paris, Roma, Mônaco, Nova Iorque, etc.

 - Jura?

 - E lhe digo mais...  O emprego é quase seu.  Só não lhe confirmo agora porque tenho que falar com meu gerente.  Mas é praticamente garantido.  Se até amanhã (6ª feira) à meia-noite o senhor NÃO receber um telegrama nosso cancelando, pode vir trabalhar na segunda-feira com todas essas regalias que eu citei.  Então já sabe: se NÃO receber telegrama cancelando até à meia-noite de amanhã, o emprego é seu!

 Juvenal saiu do escritório radiante.  Agora era só esperar até a meia-noite da 6ª feira e rezar para que não aparecesse nenhum maldito telegrama.  Sexta-feira mais feliz não poderia haver.  E Juvenal reuniu a família e contou as boas novas.

 Convocou o bairro todo para uma churrascada comemorativa à base de muita música.  Sexta de tarde já tinha um barril de chopp aberto.  Às

9 horas da noite a festa fervia.  A banda tocava, o povo dançava, a bebida rolava solta.  Dez horas, e a mulher de Juvenal aflita, achava tudo um exagero.  A vizinha gostosa, interesseira, já se jogava pro lado do Juvenal.

E a banda tocava!

E o choop gelado rolava!

 O povo dançava!

 Onze horas, Juvenal já era o rei do bairro.  Gastaria horrores para o bairro encher a pança.  Tudo por conta do primeiro salário.  E a mulher resignada, meio aflita, meio alegre, meio boba, meio assustada.

 Às onze horas e cinqüenta e cinco minutos....vira na esquina buzinando feito louco, um cara numa motoca amarela...  Era do Correio!

A festa parou!

A banda calou!

A tuba engasgou!

Um bêbado arrotou!

Um cachorro uivou!

- Meu Deus, e agora?  Quem pagaria a conta da festa?

- Coitado do Juvenal!  Era a frase mais ouvida.

- Joguem água na churrasqueira!

O chopp esquentou!

A mulher do Juvenal desmaiou!

A motoca parou!

O cara desceu e se dirigiu ao Juvenal:

 

- Senhor Juvenal Batista Romano Barbieri?  - Si, si, sim, so, so, sou eu...  A multidão não resistiu...

- OOOOOHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!

E o cara da motoca:

- Telegrama para o senhor...

Juvenal não acreditava...  Pegou o telegrama, com os olhos cheios d'água, ergueu a cabeça e olhou para todos.  Silêncio total.  Não se ouvia sequer uma mosca!  Juvenal respirou fundo e abriu o envelope do telegrama tremendo, enquanto uma lágrima rolava, molhando o telegrama..

Olhou de novo para o povo e a consternação era geral.  Tirou o telegrama do envelope, abriu e começou a ler.  O povo em silêncio aguardava a notícia e se perguntava:

- E agora?  Quem vai pagar essa festa toda?

Juvenal recomeçou a ler, levantou os olhos e olhou mais uma vez para o povo que o encarava...

Então, Juvenal abriu um largo sorriso, deu um berro triunfal e começou a gritar eufórico:

- Mamãe morreeeeuuu! \°/ \°/ \°/ \°/ \°/ \°/ \°/ \°/ \°/ \°/ \°/ \°/ \°/ \°/ \°/ \°/  Mamãe morreeeeuuu!!!!!!! \°/ \°/ \°/ \°/\°/ \°/ \°/ \°/

êÊêêÊêêêêÊ \°/ \°/ \°/ \°/ \°/ \°/ \°/ \°/ \°/ \°/ Mamãe morreeeeuuu!!!!!!!

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