quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Bunda mole (MUITO BOA)

Belinha acordou às seis, arrumou as crianças, levou-as para o colégio e voltou para casa a tempo de dar um beijo burocrático em Artur, o marido, e de trocarem cheques, afazeres e reclamações. 

Fez um supermercado rápido, brigou com a empregada que manchou seu vestido de seda, saiu como sempre apressada, levou uma multa por estar dirigindo com o celular no ouvido e uma advertência por estacionar em lugar proibido, enquanto ia, por um minuto, ao caixa automático tirar dinheiro. 

No caminho do trabalho batucava ansiedade no volante, num congestionamento monstro, e pensava quando teria tempo de fazer a unha e pintar o cabelo antes que se transformasse numa mulher grisalha. 

Chegando ao escritório, foi quase atropelada por uma gata escultural que, segundo soube, era a nova contratada da empresa para o cargo que ela, Belinha, fez de tudo para pegar, mas que, apesar do currículo excelente e de seus anos de experiência e dedicação, não conseguiu. 

Pensou se abdomem definido contaria ponto, mas logo esqueceu a gata, porque no meio de uma reunião ligaram do colégio de Clarinha, sua filha mais nova, dizendo que ela estava com dor de ouvido e febre. 

Tentou em vão achar o marido e, como não conseguiu, resolveu ela mesma ir até o colégio, depois do encontro com o novo cliente, que se revelou um chato, neurótico, desconfiado e com quem teria que lidar nos próximos meses. 

Saiu esbaforida e encontrou seu carro com pneu furado. 

Pensou em tudo que ainda ia ter que fazer antes de fechar os olhos e sonhar com um mundo melhor. 

Abandonou a droga do carro avariado, pegou um táxi e as crianças. 

Quando chegou em casa, descobriu que tinha deixado a porra da pasta com o relatório que precisava ler para o dia seguinte no escritório! 

Telefonou para o celular do marido com a esperança que ele pudesse pegar os malditos papéis na empresa, mas a bosta continuava fora de área. 

Conseguiu, depois de vários telefonemas, que um motoboy lhe trouxesse a porra dos documentos. 

Tomou uma merda de banho, deu a droga do jantar para as crianças, fez a porcaria dos deveres com os dispersos e botou os monstros para dormir. 

Artur chegou puto de uma reunião em São Paulo , reclamando de tudo. Jantaram em silêncio. 

Na cama ela leu metade do relatório e começou a cabecear de sono. Artur a acordou com tesão, a fim de jogo. Como aqueles momentos estavam cada vez mais raros no casamento deles, ela resolveu fazer um último esforço de reportagem e transar. 

Deram uma meio rápida, meio mais ou menos, e, quando estava quase pegando no sono de novo, sentiu uma apalpadinha no seu traseiro com o seguinte comentário:   

- Tá ficando com a bundinha mole, Belinha... deixa de preguiça e começa a se cuidar.. 

Belinha olhou para o abajur de metal e se imaginou martelando a cabeça de Artur até ver seus miolos espalhados pelo travesseiro! 

Depois se viu pulando sobre o tórax dele até quebrar todas as costelas! Com um alicate de unha arrancou um a um todos os seus dentes depois deu-lhe um chute tão brutal no saco, que voou espermatozóide para todos os lados! 

Em seguida usou a técnica que aprendeu num livro de auto-ajuda: como controlar as emoções negativas. 

Respirou três vezes profundamente, mentalizando a cor azul, e ponderou. Não ia valer a pena, não estamos nos EUA, não conseguiria uma advogada feminista caríssima que fizesse sua defesa alegando que assassinou o marido cega de tensão pré-menstrual. ..  

Resolveu agir com sabedoria. 

No dia seguinte, não levou as crianças ao colégio, não fez um supermercado rápido, nem brigou com a empregada. Foi para uma academia e malhou duas horas. 


De lá foi para o cabeleireiro pintar os cabelos de acaju e as unhas de vermelho. Ligou para o cliente novo insuportável e disse tudo que achava dele, da mulher dele e do projeto dele. 

E aguardou os resultados da sua péssima conduta, fazendo uma massagem estética que jura eliminar, em dez sessões, a gordura localizada. 

Enquanto se hospedava num spa, ouviu o marido desesperado tentar localiza-lá pelo celular e descobrir por que ela havia sumido. 
Pacientemente não atendeu. E, como vingança é um prato que se come frio, mandou um recado lacônico para a caixa postal dele. 


- A bunda ainda está mole. Só volto quando estiver dura. 

Um beijo da preguiçosa...

(Extraído do livro: Este sexo é feminino /Patrícia Travassos). 

PS: Quem tiver coragem, que envie ou imprima e mostre para o maior número de mulheres... E porque não também para maridos e amigos homens, que talvez não tenham tempo para pensar no valor de uma mulher, NEM NAS NECESSIDADES, CARÊNCIAS E O QUE ELAS SÃO CAPAZES DE DEIXAR DE LADO PARA CUMPRIR TODOS OS SEUS PAPEIS COM COMPETÊNCIA (ESPOSA + AMANTE + MÃE (DOS FILHOS E MARIDOS) + PROFISSIONAL + AMIGA + DONA DE CASA + ETC ETC ETC ). 

 

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